Por que escrever de madrugada é melhor que terapia (e mais barato também
- Nicco Silveira

- 14 de mai.
- 2 min de leitura

Tem gente que acorda às 5h da manhã pra correr. Tem gente que medita com o sol nascendo. Eu? Eu só funciono depois da meia-noite. Antes disso, só se for pra comer bolo ou fingir que vou responder mensagens.
Não sei explicar direito, mas quando o mundo silencia, o caos interno faz menos barulho também. É como se a cidade inteira colocasse fones de ouvido, e só eu tivesse acesso ao canal secreto da minha cabeça.
De dia, tudo exige: boletos, cachorro latindo, notificações, ansiedade vestida de produtividade. À noite, ninguém espera nada de você. Nem você mesmo. É quando a mente abre uma frestinha e sussurra: "Ei... e se a gente escrevesse aquela cena que você tá evitando faz semanas?"
É claro que às vezes o plano era dormir. Mas aí eu me deito e o cérebro: "E se aquele personagem descobrisse que o amor da vida dele também odeia coentro?!"Pronto. Lá se vai o sono. E começa o surto literário.
Já escrevi cenas inteiras abraçado com o Juca (meu cachorro, não um affair). Já chorei em cima do teclado porque uma vírgula não fazia sentido emocionalmente. Já apaguei e reescrevi um capítulo inteiro porque o silêncio me mostrou que eu es
Estava mentindo pra mim mesmo. É, o silêncio é um babaca honesto.
Escrever de madrugada é tipo ter um encontro íntimo com suas emoções... mas de moletom, com olheira e café frio. E sinceramente? Funciona melhor que muita DR.
Então, se você me procurar antes das 10 da manhã: azar o seu. Mas se bater a insônia e quiser conversar sobre personagens quebrados, dilemas existenciais e a vírgula certa na frase errada, me chama. Eu provavelmente já tô acordado.
Ah, e um lembrete final: tudo fica mais bonito no escuro. Inclusive a bagunça que a gente chama de inspiração.

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